Eu, que fumava cigarros
Eu, embevecido de promessas, envolto em escuridão
Eu, quando pensava em morrer antes dos 50 anos
ainda que sobrevivessem em mim um palhaço e um rei
avizinhados de uma odalisca em fuga
e de um touro indômito, porém cansado
A fumaça esvaia-se pela janela
Eu, escondido de mim mesmo
parado, insatisfeito e tenso
louco para que se me ultrapassassem anjos
anjos, que me arrancassem da boca o ardente bastão
Quando tudo parecia tão promissor e escuro
eu, que havia morrido aos 28
vivos, uma odalisca, um palhaço e um rei, entretanto
parado, um touro indômito e cansado
Eu, que fumava cigarros.