Ainda não comecei a estudar seriamente a corrupção – entendida como fenômeno sociológico, presente em toda parte, inclusive em todos os países europeus. Porém, resolvi, estimulado por um post de um amigo no facebook, tecer umas considerações iniciais, as quais deverão amadurecer a partir das leituras planejadas. Vou organizar as ideias que me surgiram em tópicos, justamente porque falta leitura suficiente que negue seus conteúdos ou que me ajude a amadurece-los.
– Nos países que viveram ditaduras, a informação e a veiculação de notícias relacionadas à corrupção causam a falsa impressão de que ela passou a existir recentemente, quando, na verdade, ela existia sem poder ser tratada. Posso adiantar que tenho entrevistado alguns ex-comunistas que já começam a elogiar a ditadura salazarista. Além disto, há colegas a relatarem algo parecido na Espanha – sem falar no que vem-se observando no Brasil;
Há razões dos dois lados, mas já é inegável que tem muito ‘trabalhista’ recebendo uma mão mais pesada da Justiça do que colegas seus de outros campos político-ideológicos;
Nas moribundas democracias representativas, o voto determina a orientação dos poderes legislativo e executivo, mas, não apenas no Brasil e na América Latina, o clientelismo é muitas vezes o elemento orientador do voto e, por si só, é um ato ilícito. Daí, termos que globalmente repensar esta modalidade de democracia, aprimorá-la, além de alterar os estados por dentro, o que implica ‘destronar’ as supremas cortes e tornar a aplicação das leis numa atividade permeada de participação social;
Portanto, a possibilidade de investigar, processar a denúncia e eventualmente punir tem que estar disponível em todas as instâncias da atuação humana. Inclusive nos grupos familiares e religiosos, mais distantes do ‘olhar da autoridade.
“Corrupção” é um tema plangente, que muito rapidamente nos faz pensar em termos moralistas.