Escapam iluminados
de mil compartimentos
escondidos sob mantas
de memórias e desejos.
Todos os tesouros da alma
quadro a quadro expostos
numa tela escura, cá dentro.
Ecoam os seus ensinamentos.
São os meus sonhos
ficções trepidantes
cheias de mim mesmo.
Alusivos a realidades incomuns:
Uma criança levanta o pai de cem quilos;
Rasgo fundo trespassa corpo de Cristo;
Frágil menino fechado numa bolsa de abertura oblíqua;
Sangue verte das mãos de uma mulher incógnita.
Atados aos símbolos
dançam em constantes reverberações
de gritos, lâminas e correntes,
em intrigantes concertos musicais.
Ao fim das noites tortuosas,
recobram-se as minhas vontades,
ainda surradas, sedentas e chorosas.
A mente aos poucos retoma procedimentos
dá graças ao deus que se esconde
aqui dentro e se solta, implacável,
para me dizer umas verdades.